Chegaram os bombeiros, finalmente penso eu...vamos imobilizá-la disseram...mas eu posso fazer um esforço e ir a pé, eu vim a pé para aqui, pensei eu. Não! A partir daqui é tudo connosco disseram, não se mexa. Ok. Puseram-me a coleira no pescoço e depois um colete rígido, deve ter demorado uns 30 minutos para me equiparem. Depois levantaram-me e levaram-me no ar, até à ambulância. Pensei de novo, finalmente
..mas não. Ainda não íamos sair, prenderam-me à ambulância e começaram a medir a glicemia e a tensão, quando entra um polícia a perguntar se eu tinha bebido, que ia fazer o teste do balão! São 9 da manhã e eu só comi um iogurte, além disso não tenho força para encher o peito com ar e estou cheia de dores. Azar, tive que encher na mesma, lá soprei. Obviamente 0,0.
Depois perguntou-me se já tinha bebido café, disse que não e ele diz, olhe que aqui nem a polícia nem os enfermeiros pagam café a ninguém! Está bonito está 😉
Bem, já de máscara posta arrancamos finalmente, mas aquele colete estava a magoar-me a cabeça, de tal modo que passei o caminho todo a perguntar à enfermeira se estávamos a chegar, coitada.
Entro finalmente no hospital e vêm umas 8 pessoas para cima de mim, perguntam o que aconteceu e continuam a conversa que estavam a ter antes de eu entrar. Pulseira amarela. Quando vi pensei, ao menos não vou estar aqui muito tempo, eram 10 e pouco.
Sou encaminhada para um corredor cheio de pessoas com macas, que eu não conseguia ver, pois o meu pescoço estava imobilizado. Chamaram o meu nome para a cirurgia. Cirurgia?ai meu deus... então e ninguém me vem buscar? não vou a pé com certeza! Ponho o braço no ar, alguém me há de ver... lá vem uma auxiliar, eu digo que já fui chamada e ela leva-me para o gabinete médico. Não vejo ninguém, claro só consigo olhar para o teto, mas ouço uma caneta a escrever por isso deve estar alguém. 5 minutos depois levanta-se um médico espanhol, acho, e pergunta o que aconteceu. Queixo-me das costas, do peito e do pescoço. Ele apalpa-me a barriga e diz que vou fazer raio-X. Ok. Volto para o corredor e espero. Sou chamada como se tratasse de um relato de futebol, estas chamadas eram hilariantes, só é pena ninguém me vir buscar...sou chamada novamente e levanto a mão várias vezes, mas ninguém me liga. Sou chamada uma terceira vez, continuo de mão no ar até que me veem...ah não se preocupe, eles vinham buscar. Claro, vê-se.
Entro no raio-X, 3 indivíduos para fazer um raio X. Perguntam se sou engenheira??Digo que sou professora e passam a tratar-me por stora, até que um descobre que tem um sobrinho na minha escola. Havia música lá atrás e eles cantavam durante os exames. Foi o momento alto da minha ida a Santa Maria.
Volto para o corredor e sou chamada para a ortopedia onde estão 3 médicos a conversar. Não tenho nada partido, dão me umas marteladas nas costas, tiram-me a coleira e dizem para me levantar. Estará a médica a gozar comigo? Só pode nem me consigo virar quanto mais levantar. Disse que não conseguia e ela mandou me fazer medicação. Ok. Mal saí de lá senti-me mal, claro, mas eles também não se importaram e continuaram na vida deles, fui lá interromper. Pedi água, ninguém me deu, disseram que ainda vomitava! Não há palavras.
Levaram-me para outro corredor e puseram-me o soro. Perguntei quanto tempo iria durar aquilo e disseram 20 minutos. Claro, 2 horas depois ainda lá estava a tomar a segunda garrafa. Acabou finalmente, pensei agora vou outra vez à médica, mas não. Há muitas conversas a ter e estavam cerca de 6 ou 7 enfermeiros e auxiliares encostados à parede na conversa. Eu à espera, mexi os braços, mexia as pernas, eu estou aqui, sou transparente? Lá veio uma auxiliar para me levar de volta ao corredor da ortopedia.
Esperei um pouco e fui chamada. Vá levante-se. Ok, já me sinto melhor, vou arriscar, tudo bem, consigo andar. Então já pode ir embora e continuaram a conversar. Embora?Mas, mas, e medicamentos?e a baixa?Pode tomar um paracetamol se quiser e baixa é no médico de família. Esta malta só brinca, paracetamol? Não saio daqui sem me passarem medicação. Lá passou a receita e eu vim embora, sozinha por aqueles corredores, sem saber o caminho... cheguei cá fora, com a ajuda de um segurança quando vi que não me tinham tirado a agulha do soro. Isto é surreal, um filme de comédia ou terror não era tão bom. Volto lá para dentro sem saber o caminho. Peço a uma enfermeira para me tirar aquilo, mal me mexe na mão sinto-me novamente mal, volto à maca, peço pela milionésima vez um copo de água, mas nem a isso tenho direito. Levante os pés. Está melhor? Pode ir embora. Claro que sim, até vou mais rápido, uma auxiliar desta vez acompanha-me. Só quero sair daqui e nunca mais voltar.
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